Em busca de alternativas mais sustentáveis para a agricultura, pesquisadores da Unesp desenvolvem sistemas para encapsular defensivos sintéticos e também compostos de origem botânica, fungos e bactérias; resultados foram apresentados na FAPESP Week France (lagarta da espécie Helicoverpa Armigera foto: Sebastião Araújo / Embrapa)
Em busca de alternativas mais sustentáveis para a agricultura, pesquisadores da Unesp desenvolvem sistemas para encapsular defensivos sintéticos e também compostos de origem botânica, fungos e bactérias; resultados foram apresentados na FAPESP Week France
Em busca de alternativas mais sustentáveis para a agricultura, pesquisadores da Unesp desenvolvem sistemas para encapsular defensivos sintéticos e também compostos de origem botânica, fungos e bactérias; resultados foram apresentados na FAPESP Week France
Em busca de alternativas mais sustentáveis para a agricultura, pesquisadores da Unesp desenvolvem sistemas para encapsular defensivos sintéticos e também compostos de origem botânica, fungos e bactérias; resultados foram apresentados na FAPESP Week France (lagarta da espécie Helicoverpa Armigera foto: Sebastião Araújo / Embrapa)
Maria Fernanda Ziegler, de Paris | Agência FAPESP – O Brasil é uma das grandes potências agrícolas do mundo e também um dos líderes no uso de agrotóxicos. Se por um lado os defensivos permitem controlar pragas e aumentar a produtividade, por outro, contaminam a água, o solo e os alimentos, afetando indiretamente a saúde humana.
Em busca de alternativas mais sustentáveis, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Sorocaba têm apostado na combinação de nanotecnologia e produtos naturais. O tema foi abordado por Leonardo Fraceto, coordenador do Laboratório de Nanotecnologia Ambiental da Unesp, em palestra apresentada na FAPESP Week France.
“Existe uma demanda crescente por alimentos em todo o mundo e a nanotecnologia permite criar metodologias para aumentar a produção agrícola. Não me refiro a um aumento na área plantada e sim na eficiência produtiva”, disse Fraceto.
Como explicou o pesquisador, o objetivo do grupo é pesquisar diferentes sistemas para encapsular agentes de controle de pragas, como agrotóxicos sintéticos ou inseticidas e repelentes de origem botânica. “Outra linha de pesquisa propõe o uso de agentes biológicos, como fungos e bactérias, encapsulados em micropartículas”, disse.
No âmbito de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP, o grupo da Unesp estuda os mecanismos de ação e a toxicidade das metodologias desenvolvidas.
De acordo com Fraceto, o uso de nanopartículas possibilita a entrega do composto ativo diretamente no local em que está a praga a ser combatida, reduzindo a quantidade de pesticida aplicada na lavoura, a toxicidade para a planta e, consequentemente, a contaminação ambiental. “A praga, por outro lado, recebe uma carga mais concentrada do ativo, o que permite diminuir o número de aplicações”, disse.
O grupo desenvolveu, por exemplo, um sistema para encapsulamento da atrazina, um dos herbicidas mais vendidos no Brasil e já banido na União Europeia pela alta toxicidade.
“Nos testes em laboratório, a formulação em nanopartículas poliméricas foi mais eficiente para o controle de pragas do que a convencional. Conseguimos reduzir a dosagem necessária de 3 quilos para 300 gramas por hectare. Nosso próximo passo será avaliar a formulação em estudos de campo”, disse o pesquisador.
Em outro trabalho, publicado na revista Pest Management Science, os cientistas misturaram três diferentes compostos botânicos – geraniol (encontrado no gerânio, no limão e na citronela, por exemplo), eugenol (presente no óleo de cravo) e cinamaldeído (do óleo de canela) – em nanocápsulas poliméricas feitas de zeína, uma proteína do milho.
“Somos uma equipe multidisciplinar e buscamos soluções satisfatórias tanto do ponto de vista ecológico como econômico. Elencamos algumas substâncias que julgamos interessantes para o manejo de pragas como a lagarta Helicoverpa [praga da soja], a lagarta-do-cartucho [do milho] e o ácaro-rajado [que ataca frutas, grãos e outras culturas], por exemplo”, disse.
O simpósio FAPESP Week France foi realizado entre os dias 21 e 27 de novembro, graças a uma parceria entre a FAPESP e as universidades de Lyon e de Paris, ambas da França. Leia outras notícias sobre o evento em www.fapesp.br/week2019/france.
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