Pesquisa destaca que jovens usuários de drogas são mais vulneráveis à infecção por doenças sexualmente transmissíveis do que os não usuários. Os motivos seriam mais parceiros e o dobro de relações sexuais (foto: KPRF clip art)

Risco subestimado
06 de março de 2007

Pesquisa destaca que jovens usuários de drogas são mais vulneráveis à infecção por doenças sexualmente transmissíveis do que os não usuários. Os motivos seriam mais parceiros e o dobro de relações sexuais

Risco subestimado

Pesquisa destaca que jovens usuários de drogas são mais vulneráveis à infecção por doenças sexualmente transmissíveis do que os não usuários. Os motivos seriam mais parceiros e o dobro de relações sexuais

06 de março de 2007

Pesquisa destaca que jovens usuários de drogas são mais vulneráveis à infecção por doenças sexualmente transmissíveis do que os não usuários. Os motivos seriam mais parceiros e o dobro de relações sexuais (foto: KPRF clip art)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Por terem um comportamento sexual em média mais intenso, jovens usuários de drogas seriam mais vulneráveis à infecção pelo vírus da Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis (DST). Além de usarem menos preservativos, eles subestimariam mais os riscos de contaminação quando comparados com indivíduos que não usam drogas.

As conclusões são de estudo feito por Thiago Marques Fidalgo no Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Foram entrevistados 41 adolescentes de 15 a 18 anos, usuários de álcool, maconha ou cocaína, submetidos a intervenção terapêutica no Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Unifesp. Um grupo de controle formado por 43 não usuários de drogas, oriundos de escolas públicas da capital paulista, também participou da avaliação.

O comportamento sexual foi analisado em dois momentos distintos: seis meses antes e 30 dias antes das entrevistas. A partir desses momentos, foi estimada uma média de relações para cada indivíduo. O trabalho identificou que o índice do uso de camisinhas foi de 55% para os usuários de drogas, contra 58% para os não usuários.

Os usuários estariam mais expostos às DST por terem maior número de parceiros e de relações sexuais. "Os usuários de drogas apresentaram, em média, quatro parceiros sexuais, enquanto os não usuários tiveram apenas um. Além disso, o número de relações sexuais foi 2,5 vezes maior entre os usuários", disse o autor da pesquisa à Agência FAPESP.

"Apesar de o índice de uso do preservativo não ter variado tanto nos dois grupos, o comportamento sexual dos usuários de drogas os deixou mais expostos à contaminação. Outro ponto é que, apesar de uso absoluto semelhante, o uso proporcional acabou sendo bem menor entre os usuários de drogas", explicou Fidalgo.

A pesquisa indicou também que o HIV parece estar distante da realidade dos dois grupos: 95% dos usuários e 84% dos não usuários de drogas do sexo masculino disseram não acreditar na possibilidade de contaminação. "Esses indivíduos acham que a infecção nunca irá acontecer com eles, um pensamento típico de adolescente", afirmou.

Fidalgo verificou ainda que apenas 15% dos indivíduos dos dois grupos fizeram o teste de HIV após o início da vida sexual, que começa mais cedo entre os usuários de droga: entre 13 e 14 anos. A primeira relação entre os não usuários ocorreu, em média, aos 15 anos de idade.

O estudo Análise do comportamento sexual de adolescentes usuários e não usuários de substâncias psicoativas foi premiado pelo Programa Nacional de DST e Aids e será publicado em breve em livro pelo Ministério da Saúde, ao lado de outros quatro trabalhos.


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