Carlos Henrique de Brito Cruz, José Goldemberg, deputado Orlando Bolçone e Eduardo Moacyr Krieger, em reunião na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (foto: Diego Freire/Agência FAPESP)

Resultados da FAPESP são apresentados na Assembleia Legislativa de São Paulo
07 de abril de 2016

José Goldemberg, presidente da FAPESP, destacou investimentos em pesquisas para responder a demandas urgentes da população

Resultados da FAPESP são apresentados na Assembleia Legislativa de São Paulo

José Goldemberg, presidente da FAPESP, destacou investimentos em pesquisas para responder a demandas urgentes da população

07 de abril de 2016

Carlos Henrique de Brito Cruz, José Goldemberg, deputado Orlando Bolçone e Eduardo Moacyr Krieger, em reunião na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (foto: Diego Freire/Agência FAPESP)

 

Diego Freire  |  Agência FAPESP – Em reunião com deputados da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) na manhã de ontem (06/04), José Goldemberg, presidente da FAPESP, apresentou dados dos últimos investimentos da instituição em pesquisa e inovação, destacando resultados dos esforços da comunidade científica para o enfrentamento de demandas da população, como a epidemia de Zika.

O encontro é realizado periodicamente por exigência do art. 52-A, § 4º da Constituição do Estado de São Paulo, que determina que secretários de Estado e dirigentes de agências reguladoras compareçam “perante a comissão permanente da Assembleia Legislativa a que estejam afetas as atribuições de sua pasta para prestação de contas do andamento da gestão, bem como demonstrar e avaliar o desenvolvimento de ações, programas e metas”.

Participaram do encontro os deputados Orlando Bolçone, presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação da Alesp, Delegado Olim, Carlos Neder, Davi Zaia e Mauro Bragato, todos membros da comissão; Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da FAPESP, e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação.

“Não se trata apenas do cumprimento de uma determinação legal, mas de uma oportunidade para dialogar com os deputados da comissão que representa os interesses da população na área de ciência e tecnologia, sem a qual não há desenvolvimento social. Um país que precisa atender às necessidades de sua população e manter um mínimo de independência deve ter um quadro de cientistas capaz de enfrentar os problemas que ocorrem todo dia. A Alesp teve a felicidade de, na Constituição de 1947, determinar a criação de uma fundação que se preocupasse com o desenvolvimento científico e tecnológico de São Paulo. Nós estamos aqui para honrar com este compromisso, com transparência e diálogo”, disse Goldemberg.

Em 2015, a FAPESP teve uma receita total de R$ 1,350 bilhão, entre transferências do Tesouro do Estado, receitas patrimoniais e recursos oriundos de convênios. De toda a receita, 5% foram destinados a despesas administrativas e 95% às atividades-fim de amparo à pesquisa, sendo 40% a pesquisas voltadas para o avanço do conhecimento, 52% a ciência aplicada e 8% para apoio à infraestrutura científica.

Foco no Zika

Goldemberg falou do investimento da FAPESP no desenvolvimento de conhecimento científico que responda às demandas mais urgentes da população, como a epidemia de Zika e o nascimento de bebês com microcefalia supostamente relacionada à doença, destacando a importância do investimento contínuo em pesquisa para que sejam obtidos resultados de forma ágil.

“A resposta rápida e eficiente da comunidade científica aos problemas causados pelo vírus Zika só está sendo possível graças a esforços de longa data fomentados pela FAPESP. Nos últimos 25 anos, foram concedidos 446 auxílios à pesquisa e bolsas sobre temas relacionados ao mosquito Aedes aegypti e às doenças por ele transmitidas, sendo que 76 deles ainda estão em andamento. Todo esse conhecimento acumulado tem permitido uma resposta rápida na pesquisa com o vírus Zika.”

Com o apoio da FAPESP, cientistas de 40 laboratórios de pesquisa no Estado de São Paulo criaram a Rede Zika, que, entre outros resultados, levou ao desenvolvimento de um método que detecta o vírus em sangue de transfusão para ser usado em bolsas de sangue – inicialmente, aquelas destinadas a gestantes ou a transfusão intrauterina (leia mais em agencia.fapesp.br/22657). Também foi desenvolvido um teste capaz de identificar em amostras de sangue a presença de anticorpos específicos contra o Zika – tanto os produzidos na fase aguda da infecção quanto aqueles que conferem a proteção permanente contra o vírus (agencia.fapesp.br/22866). Até então só era possível detectá-lo na fase aguda.

“O teste ajudará a esclarecer a relação entre a infecção pelo vírus e a microcefalia na medida em que indica quantas das mães efetivamente tiveram a doença e se há anticorpos contra o vírus nos bebês microcefálicos. Além disso, dará uma noção do verdadeiro tamanho da epidemia e de como o vírus está se espalhando pelo país”, contou Goldemberg.

Enquanto os pesquisadores avançam no diagnóstico da doença e na compreensão das suas implicações, outra frente de pesquisa progride na prevenção de doenças causadas também pelo mosquito Aedes aegypti: a vacina contra a dengue desenvolvida pelo Instituto Butantan com apoio da FAPESP entrou em fase final de testes clínicos este ano. De acordo com os pesquisadores do instituto, a tecnologia desenvolvida na formulação da vacina pode ser adaptada para criar um imunizante contra o vírus Zika.

A FAPESP e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) lançaram uma chamada de propostas voltada para o desenvolvimento de tecnologias para produtos, serviços e processos para combate ao vírus Zika e ao mosquito Aedes aegypti. A chamada é direcionada a micro, pequenas e médias empresas e os recursos disponíveis são de R$ 10 milhões, 50% para cada uma das instituições (agencia.fapesp.br/22791).

Inovação

“Além dos problemas atuais, que afligem a população no presente, a pesquisa científica é capaz de antecipar soluções para questões que ainda se desdobram, e isso se dá por meio da inovação, igualmente apoiada pela FAPESP”, disse Goldemberg.

Entre os investimentos na área foram apresentados dados do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), que apoia a execução de pesquisa científica e/ou tecnológica em micro, pequenas e médias empresas no Estado de São Paulo. Em 2015 foram contratados 236 novos projetos, com 27% a mais de recursos destinados à sua execução que no ano anterior.

Já o Programa FAPESP de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE), destinado a financiar projetos de pesquisa em instituições acadêmicas ou institutos em parceria com empresas, teve 363 novos projetos contratados, contando com aumento de 64% nos recursos.

Atualmente o PITE conta com 43 projetos em andamento, em parceria com empresas e instituições como Vale, Microsoft, GlaxoSmithKline, Boticário, Braskem, Intel, AstraZeneca, Embraer e Peugeot-Citroen, Associação das Empresas de Biotecnologia na Agricultura e Agroindústria, Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé, Structural Genomics Consortium e Universidade de Michigan, entre outras.

Também foram apresentados os investimentos contínuos da FAPESP nos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs), em centros de pesquisa em engenharias e nos programas FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (BIOTA) e de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), entre outras ações.

“Em um momento em que a visão de longo prazo do país é turva pelos acontecimentos presentes, acompanhar os esforços da FAPESP em tantas frentes de apoio à ciência nos dá a certeza de que a comunidade científica se mantém firme em seu trabalho, que tanto contribui para o futuro”, destacou Orlando Bolçone, presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia e Informação da Alesp.


 

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