Bolsista da FAPESP realiza estudos sobre atividade física em pacientes com artrite reumatoide. Homenagem é concedida pela Sedentary Behaviour Research Network, do Canadá (foto: tookapic/Pixabay)

Pesquisadora recebe prêmio internacional por contribuições na área de comportamento sedentário
24 de agosto de 2020

Bolsista da FAPESP realiza estudos sobre atividade física em pacientes com artrite reumatoide. Homenagem é concedida pela Sedentary Behaviour Research Network, do Canadá

Pesquisadora recebe prêmio internacional por contribuições na área de comportamento sedentário

Bolsista da FAPESP realiza estudos sobre atividade física em pacientes com artrite reumatoide. Homenagem é concedida pela Sedentary Behaviour Research Network, do Canadá

24 de agosto de 2020

Bolsista da FAPESP realiza estudos sobre atividade física em pacientes com artrite reumatoide. Homenagem é concedida pela Sedentary Behaviour Research Network, do Canadá (foto: tookapic/Pixabay)

 

Felipe Maeda | Agência FAPESP – A doutoranda Ana Jéssica Pinto, da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFE-USP), recebeu neste mês o prêmio da Sedentary Behaviour Research Network (SBRN, Canadá), na categoria Aluno/Trainee.

Essa foi a primeira edição do prêmio, que tem o objetivo de reconhecer estudantes e jovens pesquisadores pela dedicação, compromisso e contribuições importantes para a área do comportamento sedentário.

A doutoranda é bolsista da FAPESP e realiza pesquisa vinculada ao Projeto Temático, coordenado pelo professor Bruno Gualano, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP (FM-USP).

O tema central da pesquisa da bolsista é o comportamento sedentário associado a atividades realizadas na posição sentada ou deitada por um indivíduo acordado. “Comportamento sedentário, no sentido de ficar muito tempo sentado, não é o mesmo que inatividade física, entendida como pouca atividade física”, explica à Agência FAPESP.

O comportamento sedentário é o mais prevalente no dia a dia das pessoas, equivalendo a mais de 50% do tempo em que elas estão acordadas. Estudos recentes demonstram que um tempo elevado de sedentarismo se associa ao risco e à prevalência de várias doenças crônicas e mortalidade, ela sublinha.

Jéssica Pinto integra o grupo de pesquisa do Laboratório de Avaliação e Condicionamento em Reumatologia do Hospital das Clínicas da FM-USP, que realiza, atualmente, oito estudos dentro dessa temática. O objetivo central é investigar os efeitos da redução do tempo sedentário em pacientes com artrite reumatoide, pós-cirurgia bariátrica, com comprometimento cognitivo leve e com lúpus eritematoso sistêmico.

Recentemente, o grupo finalizou a coleta de dados do estudo em pacientes com artrite reumatoide, doença inflamatória crônica autoimune que afeta as membranas sinoviais – uma fina camada de tecido conjuntivo – de múltiplas articulações, como mãos, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos, pés, ombros, coluna cervical, além de afetar órgãos internos, como pulmões, coração e rins, dos indivíduos geneticamente predispostos.

“Nesse estudo, 15 pacientes compareceram ao nosso laboratório em três ocasiões separadas e realizaram três experimentos diferentes: primeiro permaneceram sentados por oito horas, depois fizeram 30 minutos de caminhada moderada. Posteriormente, permaneceram sentados por sete horas e 30 minutos. Por último, realizaram três minutos de caminhada leve a cada 30 minutos na posição sentada”, descreve a doutoranda.

A pesquisa constatou que a redução aguda do tempo sedentário parece melhorar as respostas de glicose, insulina e peptídeo C após uma refeição, em comparação com uma pessoa que permanece na posição sentada por oito horas.

“Cabe destacar que o exercício físico moderado promoveu essa melhora apenas no período da manhã, não sendo suficiente para combater os malefícios do sedentarismo excessivo. Além disso, tanto o exercício como a redução do tempo sedentário foram capazes de reduzir as respostas da citocina IL-6, um marcador de inflamação sistêmica”, acrescenta Jéssica Pinto.

A próxima etapa do trabalho é identificar se essas alterações serão traduzidas em adaptações crônicas. O estudo crônico com esses pacientes está em andamento e os métodos foram publicados em artigo na revista científica Trials.

Inatividade física durante a pandemia

O grupo de pesquisa também avaliou os efeitos das medidas de distanciamento social da pandemia da COVID-19 no nível de atividade física dos pacientes com artrite reumatoide.

“Observamos um aumento significante do tempo sedentário prolongado durante a pandemia, associado a uma redução do tempo em atividade física leve e moderada a vigorosa nesses pacientes. Vários estudos demonstram que esse padrão de nível de atividade física apresentado pelos pacientes está associado a um maior risco cardiovascular, o que reforça a necessidade de estratégias para atenuar os efeitos adversos do sedentarismo e inatividade física em pacientes”, explica Jéssica Pinto.

Os resultados dessa etapa da pesquisa estão em revisão para publicação em uma revista científica. Jéssica Pinto e o professor Gualano publicaram recentemente um artigo na revista Nature Reviews Rheumatology, que incentiva a promoção de estratégias para combater a inatividade física e o sedentarismo em pacientes com doenças reumáticas durante a pandemia. O artigo também conta com um guia prático contendo dicas simples para manter esses pacientes mais ativos mesmo durante o distanciamento social.

“Pretendemos ampliar nossas investigações para diversas populações saudáveis e com problemas de saúde, além de desvendar mecanismos associados aos efeitos adversos provocados pelo sedentarismo na saúde geral e na qualidade de vida. Esperamos que os nossos achados possam contribuir para as políticas de saúde pública na área de promoção de estilo de vida saudável.”
 

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