Material, resultado de parceria com cientistas dos Estados Unidos, poderá substituir o bisfenol A em resinas epóxi utilizadas em plásticos rígidos, como placas de computador, embalagens e revestimentos (Wikimedia)

Pesquisador do IQ-USP desenvolve polímero a partir do milho
18 de novembro de 2011

Material, resultado de parceria com cientistas dos Estados Unidos, poderá substituir o bisfenol A em resinas epóxi utilizadas em plásticos rígidos, como placas de computador, embalagens e revestimentos

Pesquisador do IQ-USP desenvolve polímero a partir do milho

Material, resultado de parceria com cientistas dos Estados Unidos, poderá substituir o bisfenol A em resinas epóxi utilizadas em plásticos rígidos, como placas de computador, embalagens e revestimentos

18 de novembro de 2011

Material, resultado de parceria com cientistas dos Estados Unidos, poderá substituir o bisfenol A em resinas epóxi utilizadas em plásticos rígidos, como placas de computador, embalagens e revestimentos (Wikimedia)

 

Por Elton Alisson

Agência FAPESP – Um novo polímero, desenvolvido a partir de derivados do milho por um pesquisador brasileiro em parceria com cientistas dos Estados Unidos, pode substituir em resinas epóxi o bisfenol A, composto também utilizado em policarbonatos que gera produtos plásticos, como garrafas e mamadeiras, e que está sendo banido em diversos países, incluindo o Brasil.

A invenção rendeu ao professor Luiz Henrique Catalani, do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP), e aos outros três autores da descoberta o prêmio Thomas Alva Edison Award 2011. Concedido pelo Conselho de Pesquisa e Desenvolvimento de New Jersey, nos Estados Unidos, o prêmio foi entregue em 10 de novembro a 40 inventores e 13 empresas.

Em 2004, durante um pós-doutorado no Instituto de Tecnologia de Nova Jersey (NJIT, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, Catalani se integrou a um grupo de cientistas da instituição, liderada por Michael Jaffe. Na época, os pesquisadores se dedicavam a um projeto, apoiado pelo Iowa Corn Promotion Board (ICPB), com o objetivo de agregar valor a produtos do milho.

Uma das possibilidades levantadas foi desenvolver produtos baseados em um composto derivado da glicose do milho, chamado isosorbídeo. Com base nessa substância, os cientistas deram origem a um novo polímero para compor resinas tipo epóxi, que são utilizadas em larga escala em plásticos rígidos, como placas de computador, embalagens e revestimentos.

“Esse novo polímero é importante tanto pelo fato de ser proveniente de insumos da biomassa – e, portanto, uma alternativa aos derivados de petróleo – como também por substituir o bisfenol A em resinas epóxi”, disse à Agência FAPESP.

De acordo com o pesquisador, o composto que está sendo proibido em diversos países – por ser um mimetizador de estrógenos (hormônios), entre outros efeitos – é utilizado em diversos produtos como um agente plastificante. Já em resinas epóxi a substância é a base (monômero) do polímero.

“Estamos propondo uma nova estrutura molecular correspondente ao bisfenol A para substituí-lo em resinas epóxi, que é o isosorbídeo”, disse. O novo polímero resultou em uma patente, registrada por Catalani e pelos outros três pesquisadores autores da descoberta: Anthony East, Michael Jaffe e Yi Zang, do NJIT.

Já produzido em escala comercial a partir do milho, o isosorbídeo também poderia ser obtido a partir de outras matérias-primas, como a cana-de-açúcar. “Certamente, a cana-de-açúcar seria uma alternativa para obter esse produto, porque dela se obtém glicose em grande quantidade”, explicou.

O trabalho realizado em parceria com a equipe do NJIT se integra aos desenvolvidos por Catalani no IQ da USP, voltados para a produção de poliésteres biodegradáveis e bioabsorvíveis para aplicações como biomateriais para uso em engenharia biomédica.

O pesquisador pretende utilizar o novo polímero derivado do isosorbídeo para desenvolver um suporte ao crescimento de diversos tipos de células, que representa o primeiro passo para se tentar produzir tecidos artificiais, como tecido ósseo ou para reconstituição de tímpano.

Em um projeto realizado com apoio da FAPESP, Catalani e equipe no IQ-USP desenvolveram estruturas chamadas hidrogéis.

Formados por redes de polímeros, essas estruturas que absorvem água em grandes quantidades podem atuar como “curativos inteligentes”, realizando a liberação controlada de fármacos, como antibacterianos e antifúngicos.

“Já temos três patentes depositadas no Brasil na área de hidrogéis. Mas não temos um produto final porque ainda não fechamos com nenhuma empresa interessada em produzi-lo”, disse.
 

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