David Gross participou do simpósio promovido pelo ICTP-SAIFR. Gabriela González, porta-voz da colaboração Ligo, foi outra presença de destaque (Foto:ICTP-SAIFR)

Instituto comemora aniversário com a presença de ganhador do Nobel
17 de novembro de 2016

David Gross participou do simpósio promovido pelo ICTP-SAIFR. Gabriela González, porta-voz da colaboração LIGO, foi outra presença de destaque

Instituto comemora aniversário com a presença de ganhador do Nobel

David Gross participou do simpósio promovido pelo ICTP-SAIFR. Gabriela González, porta-voz da colaboração LIGO, foi outra presença de destaque

17 de novembro de 2016

David Gross participou do simpósio promovido pelo ICTP-SAIFR. Gabriela González, porta-voz da colaboração Ligo, foi outra presença de destaque (Foto:ICTP-SAIFR)

 

José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – O simpósio internacional “Avanços da Ciência na América do Sul” celebrou, de 6 a 8 de novembro de 2016, o quinto aniversário do Centro Internacional de Física Teórica – Instituto Sul-Americano para Pesquisa Fundamental (International Centre for Theoretical Physics – South American Institute for Fundamental Research, ICTP-SAIFR).

Sediado no Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (IFT-Unesp), o ICTP-SAIFR iniciou suas atividades em 2011, a partir de convênio entre o Abdus Salam International Centre for Theoretical Physics (ICTP), de Trieste, Itália, a Unesp e a FAPESP. O físico Nathan Jacob Berkovits, professor titular do IFT-Unesp, é o seu diretor.

Entre as apresentações feitas durante o evento, destacaram-se as palestras públicas de David Gross, Prêmio Nobel de Física de 2004, Gabriela González, porta-voz da colaboração científica LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory), e Luiz Davidovich (presidente da Academia Brasileira de Ciências).

Atualmente professor de Física Teórica na University of California, em Santa Barbara, Estados Unidos, e com sua atenção focada em teoria de cordas, o norte-americano Gross compartilhou o Nobel de 2004 com seu ex-aluno Frank Wilczek (Massachusetts Institute of Technology – MIT) e com David Politzer (California Institute of Technology – Caltech), pela descoberta da chamada “liberdade assintótica”, que se tornou uma peça fundamental no desenvolvimento da cromodinâmica quântica (quantum chromodynamics – QCD).

Gross, Wilczek e Politzer descobriram que, embora a interação forte seja a mais poderosa das interações forças da natureza em seu diminuto raio de ação  – ela é 102 vezes mais forte do que a interação eletromagnética, 1011 mais forte do que a interação fraca, e cerca de 1039 mais forte do que interação gravitacional  –, sua intensidade diminui à medida que a distância entre as partículas também diminui.

Devido à sua força, a interação forte mantém os quarks e os glúons confinados nos volumes dos hádrons (prótons, nêutrons, mésons etc.), impedindo-os de se manifestar livremente na natureza. Porém, no interior desses volumes, a intensidade da interação forte diminui assintoticamente com a diminuição da distância entre os quarks. E, quando a distância se torna extremamente pequena, ela fica tão fraca que os quarks passam a se comportar quase como partículas livres – o que confere ao interior dos hádrons um extremo dinamismo.

Trabalhando em conjunto, Gross e Wilczek publicaram sua descoberta em 1973. Nesse ano, Politzer chegou, independentemente, ao mesmo resultado. Os três esperaram três décadas para serem contemplados com o Nobel (Leia o perfil de Gross publicado no site do Nobel).

Já a argentina Gabriela González, professora de Física e Astronomia na Louisiana State University, nos Estados Unidos, tornou-se mundialmente famosa em 11 de fevereiro de 2016, quando anunciou, ao lado de três cientistas que integram a colaboração internacional LIGO, a primeira detecção direta de onda gravitacional, ocorrida em 14 de setembro de 2015.

O sinal observado, denominado GW150914, resultou do choque de dois buracos negros muito massivos (com massas respectivamente iguais a 36 vezes e 29 vezes a massa do Sol), ocorrido a cerca 1 bilhão de anos-luz da Terra. Sua detecção confirmou a predição feita por Einstein, em 1916, de que a aceleração de objetos massivos produziria uma distorção na geometria do espaço-tempo que se propagaria na velocidade da luz. Essa distorção, extremamente pequena, só pôde ser detectada devido à sensibilidade dos dois interferômetros utilizados na observação, cuja construção é considerada um prodígio da engenharia (Leia a descrição do experimento em https://www.ligo.caltech.edu/system/media_files/binaries/301/original/detection-science-summary.pdf?1455157973).

Em sua palestra pública, “100 years of General Relativity: The enduring legacy of Albert Einstein” (Cem anos de Relatividade Geral: o legado duradouro de Albert Einstein), Gross apresentou os fundamentos teóricos dessa predição . Enquanto González, com a palestra “Detecting gravitational waves from black holes” (Detectando ondas gravitacionais de buracos negros), discorreu mais detalhadamente nos processos de geração e detecção das ondas gravitacionais. O fenômeno de interferência, que possibilitou a detecção, foi explicado em detalhes por Luiz Davidovich, na palestra “Explorando as sutilezas do mundo quântico: De Einstein e Schrödinger à Informação Quântica”.

Professor titular no Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IF-UFRJ), Davidovich foi pesquisador visitante na École Normale Supérieure (França), no Max Planck Institut für Quantenoptik (Alemanha), na University of California (Estados Unidos), no Isaac Newton Institute for Mathematical Sciences (Reino Unido) e no Weizmann Institute (Israel), entre outras instituições.
 

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