O governador Alckmin no anúncio do dia 15

Genes do parasita da esquistossomose são mapeados
15 de setembro de 2003

Governador Geraldo Alckmin anunciou, nesta segunda-feira (15/9), a conclusão do seqüenciamento do genoma do Schistosoma mansoni. O artigo científico com os resultados gerados pela Rede ONSA será publicado na edição de outubro da Nature Genetics

Genes do parasita da esquistossomose são mapeados

Governador Geraldo Alckmin anunciou, nesta segunda-feira (15/9), a conclusão do seqüenciamento do genoma do Schistosoma mansoni. O artigo científico com os resultados gerados pela Rede ONSA será publicado na edição de outubro da Nature Genetics

15 de setembro de 2003

O governador Alckmin no anúncio do dia 15

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Ao mesmo tempo que lembrou das pesquisas do pai, um veterinário e piscicultor do Vale do Paraíba, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, exaltou a importância da conclusão do seqüenciamento do genoma do Schistosoma mansoni, anunciado nesta segunda-feira (15/9), em solenidade no Palácio dos Bandeirantes.

"Quando era criança, meu pai resolveu pesquisar como algumas espécies de peixes poderiam ser usadas para combater os caramujos que causavam a esquistossomose", disse Alckmin durante a cerimônia. "A publicação desses resultados agora é sinal da importância que isso tem."

O genoma da S. mansoni será publicado na edição de outubro da Nature Genetics, uma das revistas científicas mais importantes do mundo. O artigo é assinado por Sergio Verjovski-Almeida, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, e outros 36 pesquisadores da Rede ONSA – sigla em inglês para Organização para Seqüenciamento e Análise de Nucleotídeos. A rede, que já participou do seqüênciamento de outros genomas, como o da Xylella fastidiosa, é uma iniciativa da FAPESP.

O projeto de seqüenciamento do S. mansoni teve um investimento de US$ 1 milhão. A FAPESP contribuiu com US$ 500 mil, o mesmo valor investido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.

"A esquistossomose é uma doença que atinge 200 milhões de pessoas em vários países do mundo" lembrou Carlos Vogt, presidente da Fundação. Em seu discurso, na solenidade no Palácio dos Bandeirantes, Vogt não apenas ressaltou a importância do feito da conclusão do genoma, como afirmou que a FAPESP irá continuar os seus esforços para melhorar o conhecimento científico do Estado de São Paulo.

Para José Fernando Perez, diretor científico da instituição, mais uma vez o sistema de trabalho em rede se mostrou eficiente. "Além disso, em termos da competição científica que existe hoje no mundo, conseguimos chegar à frente dos chineses", disse. Um trabalho de seqüenciamento genético de outro organismo do mesmo gênero, o Schistosoma japonicum, realizado na China, também será publicado na edição de outubro da Nature Genetics (leia entrevista com o líder da pesquisa chinesa).

O Schistosoma é um verme. No trabalho realizado pelos cientistas brasileiros foram identificados 14 mil novos genes, o que equivale a mais de 90% do material genético que codifica proteínas do parasita. Para a descoberta desses novos genes foram produzidas 180 mil seqüências de genes expressos (ESTs), 50% acima da meta inicial.

O ciclo da doença provocada pelo S. mansoni tem início quando os ovos do parasita presentes nas fezes de uma pessoa infectada vão parar na água. Após a eclosão do ovo, o miracídio (larva) penetra no caramujo do gênero Biomphalaria. Trinta dias após o desenvolvimento da larva aparece a cercária. Em apenas 24 horas, um mesmo caramujo pode liberar milhares de cercárias no ambiente, que duram apenas algumas horas, tempo suficiente para que o parasita invada o organismo humano, o hospedeiro definitivo da cercária.

No ser humano, o parasita pode atingir as correntes sangüíneas e linfáticas. As larvas chegam aos pulmões no primeiro dia. Um pouco mais de uma semana e elas poderão atacar o fígado. Em 20 dias, o ciclo pode recomeçar. Os ovos já estarão nas fezes. Impedir a entrada da cercária no organismo humano é o grande desafio científico a partir de agora.


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