Empresários e pesquisadores reuniram-se na FAPESP na cerimônia de comemoração dos 20 anos do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (foto: Eduardo Cesar/Revista Pesquisa FAPESP)

FAPESP comemora 20 anos do PIPE, programa de apoio à pesquisa inovativa em empresas
30 de junho de 2017

Programa apoiou ao longo dessas duas décadas 1.788 projetos de pesquisa, de 1.100 pequenas empresas de base tecnológica situadas em 127 cidades no Estado de São Paulo

FAPESP comemora 20 anos do PIPE, programa de apoio à pesquisa inovativa em empresas

Programa apoiou ao longo dessas duas décadas 1.788 projetos de pesquisa, de 1.100 pequenas empresas de base tecnológica situadas em 127 cidades no Estado de São Paulo

30 de junho de 2017

Empresários e pesquisadores reuniram-se na FAPESP na cerimônia de comemoração dos 20 anos do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (foto: Eduardo Cesar/Revista Pesquisa FAPESP)

 

Elton Alisson  |  Agência FAPESP – A FAPESP realizou na quinta-feira (29/06) uma cerimônia de celebração dos 20 anos do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), completado no último dia 18 de junho. Em duas décadas, o Programa apoiou 1.788 projetos de pesquisa, de 1.100 pequenas empresas de base tecnológica situadas em 127 cidades no Estado de São Paulo.

“O PIPE combina inovação tecnológica e meritocracia e se tornou o maior programa de apoio a startups do país. É um programa que, na prática, criou, um grande aquário no qual os investidores querem vir pescar, na linguagem de técnicos do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] que nos visitaram recentemente”, disse José Goldemberg, presidente da FAPESP, na abertura do evento.

O PIPE inovou em diversos aspectos, avaliou José Fernando Perez, diretor científico da FAPESP na época do lançamento do Programa. "Um deles foi o de, pela primeira vez, uma agência brasileira de fomento à pesquisa científica conceder recursos a fundo perdido (não reembolsáveis) diretamente para pequenas empresas realizarem pesquisas", disse. 

"O segundo aspecto inovador do Programa foi definir a empresa como locus da inovação ao estabelecer que os projetos fossem desenvolvidos por pesquisadores dentro das empresas", disse Perez. E a terceira novidade introduzida pelo PIPE foi exigir que o projeto resultasse em um produto, processo ou serviço com potencial inovador, ressaltou.

Em 1995, a FAPESP lançou o Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE) e, dois anos depois, o PIPE, "consolidando uma cultura inovadora na instituição que se espraiou por outras agências de fomento", segundo Perez.

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por exemplo, lançou em 2006 o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresa (PAPPE), voltado a apoiar pesquisa em empresas tecnológicas de pequeno porte e operado em parceria com as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) estaduais. Em São Paulo, FAPESP e Finep firmaram um acordo para apoiar a fase 3 do PIPE, de inserção do produto, processo ou serviço inovador no mercado.

Casos de sucesso

"Desde 2013, o PIPE teve um crescimento expressivo no número de projetos contratados. Em 2016, por exemplo, foram aprovados 240 projetos e contratados 225, o que representa quase um projeto contratado por dia útil", disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP. 

Os projetos apoiados pelo PIPE ao longo dessas duas últimas décadas resultaram no desenvolvimento de uma série de tecnologias, além da criação de milhares de empregos e na dinamização da economia dos municípios onde estão localizadas.

Alguns deles foram apresentados em um vídeo exibido durante o evento com depoimentos de diretores das empresas I.Systems, Nexxto, Nanox, Altave e Promip.

Uma empresa fundada por quatro estudantes graduados em Engenharia da Computação e em Matemática pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a I. Systems desenvolveu softwares de controle de sistemas para aumentar a eficiência de linhas de produção em grandes indústrias baseados na lógica fuzzy (“difusa”) (leia mais em agencia.fapesp.br/17085).

“No primeiro projeto que submetemos ao PIPE recebemos um não com quatro páginas, com indicações de melhorias do projeto, o que possibilitou ajustar a ideia original e chegar onde estamos”, disse Igor Bittencourt Santiago, presidente da empresa.

A Nexxto, por sua vez, desenvolveu uma tecnologia que permite às empresas monitorarem e gerirem seus ativos, assim como a temperatura e umidade de produtos perecíveis em tempo real.

A empresa possui hoje uma carteira de clientes composta por empresas como Carrefour, Drogasil, BM&F e Ofner, entre outras, disse Antonio Carlos Rossini, engenheiro formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e um dos fundadores da Nexxto (leia mais em pesquisaparainovacao.fapesp.br/217).

A Nanox, de São Carlos, por sua vez, desenvolveu com apoio do PIPE micropartículas à base de prata, com propriedades bactericida, antimicrobiana e autoesterilizante.

A tecnologia é aplicada hoje em uma série de produtos, como utensílios plásticos e filmes de PVC para embalar alimentos, assentos sanitários, palmilhas de sapatos, secadores e chapinhas de cabelo, tintas, resinas e cerâmicas e na superfície de instrumentos médicos e odontológicos, como pinças, brocas e bisturis.

A aplicação mais recente do produto foi no plástico rígido das garrafas usadas para envasar o leite fresco pasteurizado (tipo A). A inovação permitiu dobrar o prazo de validade do produto.

“Essa aplicação foi um case mundial que despertou o interesse de empresas de mais de 25 países”, contou Gustavo Pagotto, CEO da Nanox (leia mais em agencia.fapesp.br/21325).

Já a Altave, em São José dos Campos, desenvolveu veículos mais leves que o ar com múltiplas aplicações. Os balões podem ser utilizados no monitoramento de fronteiras, como links de comunicação e de acesso à banda larga.

Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, vinculada ao Ministério da Justiça, utilizou quatro balões produzidos pela empresa para monitorar a área ao redor dos locais onde ocorreram as competições (leia mais em pesquisaparainovacao.fapesp.br/4).

“Somos um exemplo de uma empresa apoiada por políticas públicas bem-sucedidas”, disse Bruno Avena de Azevedo, sócio da empresa.

Por sua vez, a Promip desenvolveu com apoio do PIPE uma tecnologia para produção de ácaros predadores para combate a pragas na agricultura.

Inicialmente sediada na EsalqTec, incubadora de empresas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), a Promip instalou em 2009 sua biofábrica em uma estação experimental no município Engenheiro Coelho, a 170 quilômetros de São Paulo.

Hoje, com faturamento anual de R$ 3 milhões, a empresa comercializa 40 milhões de ácaros utilizados no tratamento de 2.500 hectares de culturas estigmatizadas pelo uso de agrotóxicos, como tomate, morango e alface.

“O apoio do PIPE tem sido fundamental para a expansão da nossa atividade de pesquisa e desenvolvimento”, disse Marcelo Polleti, diretor-geral da empresa.

Distribuição geográfica

Do total de projetos apoiados pelo PIPE nesses 20 anos, 1.668 foram aprovados nas fases 1 e 2 do PIPE – voltadas, respectivamente, à demonstração da viabilidade e ao desenvolvimento do produto, processo ou serviço inovador –, e 120 no âmbito de um acordo da FAPESP com a Finep para apoiar a inserção da inovação no mercado, por meio do Programa de Apoio à Pesquisa em Empresa (PAPPE). No total, a FAPESP destinou R$ 360 milhões ao Programa nas duas primeiras fases.

Os projetos apoiados estão espalhados por todo o Estado de São Paulo, destacou Brito Cruz. A maior parte deles, contudo, está concentrada em cidades onde estão situadas boas universidades e instituições de pesquisa, ponderou.

“É natural que onde há boas universidades e instituições de pesquisa surjam esses projetos. Inovação com base em tecnologia não surge do nada”, avaliou Brito Cruz, que anunciou os 48 projetos de pesquisa selecionados no 4º ciclo de 2016 do programa PIPE.

Entre os projetos apoiados está o da BR Labs, de São Carlos. A empresa pretende desenvolver um equipamento que permite medir todos os parâmetros biomecânicos dos olhos para realização de cirurgias de catarata, como o tamanho do olho, o raio da curvatura da córnea e a distância entre a córnea e o cristalino, entre outras medidas.

“Essas medidas são feitas hoje separadamente. Pretendemos fazê-las de uma vez só por meio de um único equipamento”, disse Jarbas Caiado de Castro Neto, professor do Instituto de Física de São Carlos da USP, à Agência FAPESP.

O pesquisador participou da primeira chamada de projetos do PIPE, lançada em 1997, quando foram submetidos 80 projetos e selecionados 32. Entre eles, o da Opto Eletrônica, da qual foi um dos fundadores.

“O PIPE foi fundamental para a criação de empresas de base tecnológica no Estado de São Paulo”, avaliou.

Também participaram da cerimônia João Carlos Meirelles, secretário de Energia e Mineração do Estado de São Paulo, representando o Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin; o deputado estadual Orlando Bolçone, presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia, Inovação e Informação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo; e Mauricio Juvenal, chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação; Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da FAPESP; Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do CTA da FAPESP; e Fernando Dias Menezes de Almeida, diretor administrativo da FAPESP.

“São Paulo tem um enorme orgulho da FAPESP, que é uma agência que tem a necessária independência, mas o total compromisso com os objetivos do Estado”, disse Meirelles.
 

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