Tecnologia surgiu na esteira do bitcoin, mas pode ser útil em diversos segmentos da economia; tema foi debatido na Assembleia Legislativa de São Paulo durante o Ciclo de Palestras ILP-FAPESP (Foto: Felipe Maeda / Agência FAPESP)

Aplicações da blockchain vão muito além das criptomoedas, afirmam cientistas
11 de novembro de 2019

Tecnologia surgiu na esteira do bitcoin, mas pode ser útil em diversos segmentos da economia; tema foi debatido na Assembleia Legislativa de São Paulo durante o Ciclo de Palestras ILP-FAPESP

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Tecnologia surgiu na esteira do bitcoin, mas pode ser útil em diversos segmentos da economia; tema foi debatido na Assembleia Legislativa de São Paulo durante o Ciclo de Palestras ILP-FAPESP

11 de novembro de 2019

Tecnologia surgiu na esteira do bitcoin, mas pode ser útil em diversos segmentos da economia; tema foi debatido na Assembleia Legislativa de São Paulo durante o Ciclo de Palestras ILP-FAPESP (Foto: Felipe Maeda / Agência FAPESP)

 

José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – “A maioria das pessoas associa blockchain à moeda digital bitcoin. Mas, na verdade, blockchain [corrente de blocos, em tradução literal] é uma tecnologia virtual que pode ser usada para criar redes com os mais diversos propósitos.” Esta foi a definição dada à Agência FAPESP por Percival Lucena, líder de pesquisas em blockchain no laboratório da IBM do Brasil. O pesquisador citou como exemplo o rastreio de alimentos, desde a produção das matérias-primas na unidade agropecuária até as prateleiras dos supermercados.

Lucena falou sobre o uso de blockchain em vários segmentos da economia durante o evento “Blockchain e Segurança de Dados”, realizado em 4 de novembro no âmbito do Ciclo de Palestras ILP-FAPESP.

Resultado de uma parceria entre o Instituto do Legislativo Paulista (ILP) e a FAPESP, as palestras do ciclo são realizadas mensalmente na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), com o objetivo de divulgar pesquisas científicas e tecnológicas para legisladores, gestores públicos e pessoas interessadas.

José Damico, fundador da empresa Compplied Computação Aplicada, outro palestrante do ciclo, detalhou a definição. “A blockchain funciona como um livro-razão digital compartilhado, que permite o registro sequencial de todas as atividades de interesse de uma cadeia de usuários. Qualquer integrante da cadeia pode ter acesso ao banco de dados”, disse.

O pesquisador lembrou que, inicialmente, a blockchain foi usada para registrar as transferências, saldos e transações feitas com criptomoedas. “O compartilhamento dos dados e a validação das operações por parte de todos os participantes da cadeia permitem, por exemplo, que uma transferência de criptomoeda seja validada sem a necessidade de intermediação de uma única entidade todo-poderosa, como um banco, que atesta se a transação foi feita ou não”, afirmou.

Mas esse tipo de uso inicial, que motivou a criação do conceito da blockchain, não é o único possível. Damico enfocou especificamente o uso da tecnologia nas movimentações e transações agrícolas.

Marcos Simplício, professor de computação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), explicou que, como o próprio nome indica, a estrutura de uma blockchain é baseada no encadeamento de blocos.

“Basicamente, o que a tecnologia faz é garantir uma certa ordenação de dados que são ali colocados. Os blocos ficam encadeados em uma certa ordem. E cada bloco tem alguma informação a ser verificada, dependendo da aplicação. Isso evita, por exemplo, que alguém consiga passar duas vezes a mesma moeda, mesmo sendo ela digital”, disse.

“Com o tempo percebeu-se que a implementação canônica das blockchains não oferece anonimato verdadeiro. Há aplicações para as quais a privacidade também é necessária. Mas blockchain resistente a ataques à criptografia tradicional ainda é algo que está em amadurecimento”, disse Alexandre Braga, pesquisador do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (IC-Unicamp), que tratou especificamente do tema da segurança nas cadeias de blocos.

Na avaliação do deputado Ricardo Mellão (NOVO), o tema é muito importante. "Muitos dizem que blockchain é a grande revolução da tecnologia depois da internet. É transparente, confiável e por isso pode ser aplicada na administração pública", disse.

O evento contou ainda com a participação do diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP, Carlos Américo Pacheco.
 

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