Cientistas do Instituto de Química da USP dialogam com áreas de ensino e extensão, produzindo novas abordagens para o ensino na graduação e orientando alunos do ensino médio para olimpíadas de química (Foto: Omar El Seoud)

Além da pesquisa
27 de julho de 2011

Cientistas do Instituto de Química da USP dialogam com áreas de ensino e extensão, produzindo novas abordagens para o ensino na graduação e orientando alunos do ensino médio para olimpíadas de química

Além da pesquisa

Cientistas do Instituto de Química da USP dialogam com áreas de ensino e extensão, produzindo novas abordagens para o ensino na graduação e orientando alunos do ensino médio para olimpíadas de química

27 de julho de 2011

Cientistas do Instituto de Química da USP dialogam com áreas de ensino e extensão, produzindo novas abordagens para o ensino na graduação e orientando alunos do ensino médio para olimpíadas de química (Foto: Omar El Seoud)

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Pesquisadores do Instituto de Química (IQ) da Universidade de São Paulo (USP) não se limitam às atividades de investigação científica. Eles também são capazes de dialogar com as áreas de ensino e extensão, produzindo, por exemplo, novas abordagens para o ensino nos laboratórios de química da graduação, ou interagindo diretamente com alunos do ensino médio.

O grupo coordenado por Omar El Seoud, professor do Departamento de Química Fundamental do IQ-USP, acaba de publicar artigo que descreve uma proposta inovadora de experimento científico especialmente desenvolvido para uso em aulas laboratoriais em cursos de graduação em química.

O artigo foi publicado no Journal of Chemical Education, da Sociedade Norte-Americana de Química, considerado o periódico de maior destaque da área de ensino em química.

O experimento envolve um tema atual: a análise quantitativa da presença de biocombustíveis (etanol ou biodiesel) em amostras de óleo diesel derivado do petróleo.

De acordo com El Seoud, o corante utilizado para a análise foi inteiramente desenvolvido pelos alunos de pós-graduação de seu laboratório, sendo objeto de estudo da tese de doutorado de Priscilla Leandro Silva, concluída no fim de 2010, com bolsa da FAPESP.

Segundo El Seoud, a iniciativa de ligar a pesquisa sobre um tema de relevância social – os biocombustíveis – ao desenvolvimento de uma proposta para um curso de graduação é coerente com o conceito de “Universidade de Pesquisa”, que se refere às instituições universitárias capazes de formar estudantes, produzir pesquisa e transferir conhecimento à sociedade.

“Em uma Universidade de Pesquisa como a USP as prioridades são ensino de graduação e pós-graduação, pesquisa e interação com a comunidade. É prioritário introduzir os resultados da pesquisa científica nos diversos níveis de ensino. Essa experiência fez justamente isso, pois usamos um corante proveniente da nossa pesquisa sobre solventes para determinar as composições dos biocombustíveis”, disse El Seoud à Agência FAPESP.

Os corantes não estão disponíveis comercialmente. “Graças ao domínio que temos do assunto, usamos corantes que dão cores variáveis e fortes às amostras em função da variação das composições dos biocombustíveis. O experimento foi realizado no curso de graduação e os alunos adoraram, porque o belo fenômeno visual proporciona uma percepção muito intuitiva dos resultados”, afirmou.

O trabalho foi desenvolvido no âmbito do Projeto Temático Solventes "verdes": química e aplicações de líquidos iônicos em catálise; coloides, e derivatização de biopolímeros, coordenado por Seoud e financiado pela FAPESP.

Além dele, participaram do artigo a pós-doutoranda Carina Loffredo, os alunos de pós-graduação Paula Galgano e Bruno Sato – que tem bolsa de Mestrado da FAPESP – e Christian Reichardt, professor da Universidade Philipps, em Magburg (Alemanha). Especialista mundialmente conhecido no tema de solventes e solvatação, Reichardt contribuiu como consultor.

De acordo com El Seoud, trata-se de um enfoque construtivista de ensino. O objetivo é que o aluno pense no problema e elabore suas próprias respostas. “Assim, em vez de darmos a eles o protocolo pronto da experiência, utilizamos outro procedimento. Antes de mais nada, pedimos que leiam sobre biocombustíveis. Em seguida, por meio de um questionário, eles elaboram um protocolo experimental para determinar as composições de misturas óleo diesel e bioetanol, ou óleo diesel e biodiesel”, explicou.

Em seguida as respostas são corrigidas e discutidas para que seja decidido o que será feito no laboratório. “Então, os alunos realizaram no mínimo duas experiências: a que eles sugerem – e que é discutida caso não seja bem-sucedida – e a que nós introduzimos”, disse.

Escola Olímpica de Química

Além das novas abordagens para o ensino na graduação, os pesquisadores do IQ-USP também oferecem apoio para os alunos do ensino médio, como parte das atividades que caracterizam uma Universidade de Pesquisa. O objetivo é preparar os estudantes para as olimpíadas de química paulista, brasileira e mundial.

Em 2010, dois estudantes paulistanos que receberam treinamento no IQ-USP, Jéssica Okuma e André Silva Franco, ganharam medalhas de bronze na 42ª Olimpíada Internacional de Química, realizada no Japão com 266 alunos de 66 países.

Okuma e Franco – hoje estudantes da Faculdade de Medicina da USP –, com apoio do IQ-USP e de alguns de seus docentes, organizaram entre os dias 11 e 16 de julho de 2011 um curso de reforço para os estudantes paulistas que participarão da Olimpíada Brasileira de Química, em agosto.

A equipe paulista foi selecionada em junho, durante a Olimpíada de Química de São Paulo, coordenada por Ivano Gutz, professor do IQ-USP. Os vencedores da etapa brasileira serão selecionados para participar da 44ª Olimpíada Internacional de Química, que ocorrerá em Maryland (Estados Unidos), em 2012.

“Os alunos que participarão da olimpíada nacional puderam visitar meu laboratório para demonstrações de experiências químicas – incluindo o experimento de detecção de adulteração de bioetanol. Trata-se de uma interação importante entre universidade e comunidade, especialmente considerando que estamos engajados nas atividades do Ano Internacional da Química”, disse El Seoud.

A 43ª Olimpíada Internacional de Química foi realizada entre os dias 9 e 18 de julho, em Ankara (Turquia). A última vencedora da Olimpíada de Química de São Paulo, Tábata Cláudia Amaral de Pontes, conquistou a medalha de bronze depois de ser treinada, em junho, pela equipe do IQ-USP.

Dois estudantes do Ceará conquistaram excelentes resultados em Ankara, segundo El Seoud: Raul Bruno Machado da Silva ganhou medalha de bronze e Davi Rodrigues Chaves conquistou a medalha de prata.

 

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