Tecnologia utiliza monitoramento do clima para reduzir incidência da podridão floral em pomares e aumentar a eficiência de fungicidas (foto: Geraldo José da Silva Júnior)

Pesquisadores desenvolvem sistema para prever doença em citros
10 de março de 2015

Tecnologia utiliza monitoramento do clima para reduzir incidência da podridão floral em pomares e aumentar a eficiência de fungicidas

Pesquisadores desenvolvem sistema para prever doença em citros

Tecnologia utiliza monitoramento do clima para reduzir incidência da podridão floral em pomares e aumentar a eficiência de fungicidas

10 de março de 2015

Tecnologia utiliza monitoramento do clima para reduzir incidência da podridão floral em pomares e aumentar a eficiência de fungicidas (foto: Geraldo José da Silva Júnior)

 

Fabio Reynol | Agência FAPESP – Uma ferramenta a ser usada por citricultores deverá aumentar a eficiência de fungicidas, economizar aplicações e reduzir a incidência da podridão floral dos citros, doença que causa prejuízos aos pomares, especialmente no sudoeste paulista.

Essa tecnologia está sendo gerada no âmbito do projeto “Desenvolvimento e implementação de um sistema on-line de previsão de epidemias de podridão floral dos citros”, apoiado pela FAPESP. O trabalho é um desdobramento do Projeto Temático “Epidemiologia molecular e manejo da podridão floral dos citros em áreas de expansão da cultura no estado de São Paulo”, executado de 2008 a 2013.

Conhecida também como PFD, a doença é provocada pelo fungo Colletotrichum spp. e necessita de condições específicas para ocorrer: somente durante a florada e quando esse período coincide com a incidência de chuvas. A florada da maioria das espécies de citros no Brasil vai de junho a outubro, período em que não costuma chover muito. Por isso, não é todo ano que a doença se manifesta.

A estratégia de combate atual é aplicar fungicida após as primeiras chuvas. Além de reduzir a eficácia do produto, isso pode fazer com que o pesticida seja lavado pela própria chuva.

Caso seja aplicado após a precipitação, pode ser tarde demais, uma vez que o patógeno poderá estar instalado na flor. Já a aplicação preventiva periódica pode causar desperdício de fungicida e dinheiro, pois, se não chover – ou se a chuva ocorrer muito depois da aplicação –, o esforço terá sido em vão.

O método mais eficaz é aplicar o fungicida pouco antes da precipitação o que exige um serviço de previsão do tempo. “Estamos desenvolvendo um sistema que acopla a previsão do tempo às condições de infestação da doença, a fim de fornecer informações confiáveis para o citricultor combater com eficácia a doença”, disse a engenheira agrônoma Lilian Amorim, professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), que coordena o projeto de pesquisa.

Amorim explicou que as aplicações de fungicida feitas até quatro horas antes de a chuva começar se mostraram eficazes no combate à podridão floral dos citros.

“O método atual executa aplicação após verificar a precipitação ou usa o produto antes mesmo de saber se haverá chuva ou não. Queremos que o produtor economize e aplique antes da chuva ao saber que ela ocorrerá”, afirmou Amorim.

O projeto prevê o uso de uma rede de estações meteorológicas próximas às lavouras para enviar informações em tempo real aos produtores. Elas abastecerão um sistema central, que analisará os dados, relacionando-os às condições propícias para a infestação da doença, e apresentará uma recomendação ao citricultor. O serviço atenderá especialmente o produtor do sudoeste paulista.

De morango a citros

A tecnologia é inspirada em um sistema utilizado nos Estados Unidos, que prevê riscos a plantações de morangos no estado da Flórida, onde seis estações meteorológicas coletam dados climáticos.

O objetivo do sistema norte-americano é determinar a probabilidade de riscos de duas principais doenças que atingem as plantações de morango: mofo cinzento, causada pelo fungo Botrytis cinerea, e antracnose, causada pelo Colletotrichum acutatum, da mesma família do fungo causador da PFD nos citros.

“Em caso de risco, o produtor recebe mensagens no celular ou por e-mail, indicando a necessidade de pulverizar fungicidas nas lavouras”, disse Natália Peres, professora na Universidade da Florida (UF) que desenvolveu o sistema norte-americano e participa da pesquisa da versão brasileira.

Peres contou que o papel dos pesquisadores da Flórida é adaptar o sistema do morango às condições brasileiras. “Deveremos utilizar a mesma plataforma; o sistema possui vantagens interessantes, como a coleta automática de dados das estações e uma interface amigável ao usuário final, que deverão se repetir no sistema brasileiro”, afirmou.

Além dos grupos da USP e da UF, também participam do projeto os pesquisadores Geraldo José da Silva Júnior, do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), e Angélica Giarola, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Silva Júnior acredita que o sistema a ser desenvolvido será uma importante ferramenta no combate à PFD e ainda representará economia ao produtor. A parceria com o Fundecitrus, segundo ele, permitirá a disponibilização do sistema ao usuário final. “Um dos objetivos de nossa participação no projeto é disponibilizar uma plataforma on-line acessível ao citricultor”, afirmou.

Giarola participará no fornecimento de informações meteorológicas detalhadas em tempo real e as incorporará aos dados coletados das estações na região das plantações.

Para testar a eficácia da técnica, o projeto manterá três parcelas experimentais de citros para comparação. A primeira não contará com nenhum monitoramento, a segunda receberá o controle convencional da PFD, com aplicações pós-chuva, e a terceira será monitorada pela tecnologia proposta de previsão de risco com emprego de fungicidas de acordo com a recomendação do sistema. Os testes ocorrerão nas safras de 2015 e de 2016, quando o projeto deverá se encerrar.

 

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