Trabalho resultou em linhagem celular com potencial para tratar câncer de ovário, rim e pulmão (foto:Léo Ramos/Pesquisa FAPESP)

Pesquisa com anticorpo para combate ao câncer recebe Prêmio Fundação Butantan
09 de maio de 2014

Trabalho resultou em linhagem celular com potencial para tratar câncer de ovário, rim e pulmão

Pesquisa com anticorpo para combate ao câncer recebe Prêmio Fundação Butantan

Trabalho resultou em linhagem celular com potencial para tratar câncer de ovário, rim e pulmão

09 de maio de 2014

Trabalho resultou em linhagem celular com potencial para tratar câncer de ovário, rim e pulmão (foto:Léo Ramos/Pesquisa FAPESP)

 

Por Noêmia Lopes

Agência FAPESP – Em 2012, pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, e da empresa brasileira de pesquisa e desenvolvimento Recepta Biopharma geraram uma linhagem de células que produz um anticorpo monoclonal (mAb, na sigla em inglês) batizado RebmAb 200, com potencial para combater células tumorais de ovário, rim e pulmão.

O trabalho resultou em um artigo na revista PLoS One, eleito como a melhor publicação de 2013 pelo IV Prêmio Fundação Butantan – premiação destinada a estudos vinculados ao Instituto Butantan.

Desenvolvida sob a coordenação da bióloga Ana Maria Moro, a pesquisa fez parte do projeto Linhagens celulares da alta produtividade e estabilidade de anticorpos monoclonais humanizados para terapia de câncer, com financiamento do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (PITE-FAPESP) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

“Pela primeira vez no Brasil linhagens celulares com alta produtividade e estabilidade foram obtidas para anticorpos monoclonais recombinantes, num trabalho realizado por uma equipe jovem de cientistas, sem experiência prévia, que se dedicou ao máximo para a obtenção dos resultados apresentados que, espero, possam ser traduzidos em benefícios para pacientes com determinados tipos de câncer”, disse Moro à Agência FAPESP.

Enquanto tratamentos convencionais contra o câncer – químio e radioterapias – atingem a um só tempo células tumorais e sadias, os mAbs são capazes de reconhecer e ligar-se a moléculas específicas na superfície dos tumores, agindo apenas sobre elas. Daí esse tipo de produto biotecnológico ter altíssimo valor agregado.

Desenvolvimento do RebmAb 200

Inicialmente, a Recepta Biopharma licenciou o anticorpo do Ludwig Institute for Cancer Research (LICR), em Nova York, que já havia passado por testes em camundongos e humanos (dose única) e pelo processo de humanização (os genes responsáveis pela produção do anticorpo em questão são modificados a fim de eliminar a reação imunológica que o organismo humano teria diante de sua origem murina, por ter sido obtido em camundongos).

Já no Instituto Butantan, confirmou-se que a humanização prévia não causara alterações na ligação anticorpo-antígeno. Em seguida, a equipe introduziu os genes que sintetizam o anticorpo em uma linhagem de células humanas e gerou centenas de clones.

“Fizemos uma seleção minuciosa em busca dos melhores clones, visando alta produtividade, estabilidade e função de citotoxicidade mediada por anticorpo, essencial para o uso terapêutico do anticorpo em câncer”, disse Mariana Lopes dos Santos, então pesquisadora da Recepta Biopharma e hoje pesquisadora do Laboratório Biofármacos em Células Animais do Instituto Butantan.

O RebmAb 200 é o resultado dessa busca. Embora ainda não tenha sido usado clinicamente, há potencial para o uso em câncer de ovário em função de resultados preliminares obtidos no LICR antes da humanização.

Os pesquisadores também apontam para a possibilidade de utilização contra células tumorais de rim e de pulmão. Com a colaboração do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP), estudos de imuno-histoquímica revelaram que o RebmAb 200 estabelece ligação com células tumorais desses dois órgãos, além do ovário e também de alguns tipos de câncer de mama.

“As células que geramos aqui foram enviadas para uma empresa na Holanda que realizou a produção em larga escala em condições de manufatura para uso clínico. O que se espera é que a citotoxicidade verificada em ensaios seja efetiva quando injetada em pacientes”, afirmou Moro.

Leia mais sobre o desenvolvimento da pesquisa em reportagem da revista Pesquisa FAPESP.
 

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