Coleção fundadora do MAC USP revela a importância da arte moderna italiana no Brasil (reprodução de Ponte de Zoagli, de Arturo Tosi: MAC USP/divulgação)

Modernidade intercontinental
31 de outubro de 2013

Coleção fundadora do MAC USP revela a importância da arte moderna italiana no Brasil

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Coleção fundadora do MAC USP revela a importância da arte moderna italiana no Brasil

31 de outubro de 2013

Coleção fundadora do MAC USP revela a importância da arte moderna italiana no Brasil (reprodução de Ponte de Zoagli, de Arturo Tosi: MAC USP/divulgação)

 

Por Márcio Ferrari

Revista Pesquisa FAPESP – Uma das mais importantes coleções de arte italiana da primeira metade do século XX – certamente a mais importante em continente americano – se encontra em São Paulo. É bem conhecida historicamente por ter sido um dos núcleos fundadores do acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP).

Mas agora, ao ser exposta no marco das comemorações dos 50 anos da instituição, aparece reorganizada e reavaliada, graças ao trabalho Obras italianas das coleções Francisco Matarazzo Sobrinho e Yolanda Penteado, de Ana Gonçalves Magalhães, docente e curadora da Divisão de Pesquisa em Arte, Teoria e Crítica do museu.

Ao recuperar os rastros da história da coleção, o estudo chegou a conclusões que valorizaram sua representatividade em escala internacional, com repercussão entre pesquisadores da Itália. Além disso, traz a público detalhes sobre o ambiente da arte moderna brasileira.

“É um conjunto fascinante, não só pela qualidade das obras, mas porque de muitas delas, na Itália, se haviam perdido os vestígios”, diz Paolo Rusconi, historiador da arte e professor da Universitá degli Studi di Milano (Unimi), na Itália. Rusconi foi o interlocutor italiano no acordo de cooperação entre o MAC e a Unimi que visa ao estudo do modernismo brasileiro e, junto com Ana Magalhães, organizou um seminário em abril sobre o tema em São Paulo.

A exposição Classicismo, realismo, vanguarda: pintura italiana do entreguerras, que resultou da pesquisa, compreende as 71 pinturas da coleção, mais 10 de artistas brasileiros (entre eles Candido Portinari e Alberto Guignard) que dialogaram com seus contemporâneos italianos. Foi inaugurada em 31 de agosto na nova sede do MAC e fica até julho de 2014. Entre os artistas italianos há grandes nomes, como Giorgio de Chirico, Giorgio Morandi, Carlo Carrà e Amedeo Modigliani, este presente com seu único autorretrato conhecido, uma obra tão célebre que foi deslocada para outra exposição em cartaz, O agora e o antes: uma síntese do acervo do MAC USP.

O projeto original da curadora Ana Magalhães era reavaliar a catalogação do conjunto de obras, para permitir, entre outras coisas, sua publicação em ambiente virtual (em construção no site do museu). “Mas, durante a pesquisa”, diz ela, “ficou claro que conhecíamos muito pouco da coleção, excetuadas algumas obras mais famosas.”

O principal mito derrubado foi a noção, amplamente difundida, de que as coleções Matarazzo se formaram de acordo com o gosto pessoal do mecenas, sem critério estético ou histórico. “Foi um acervo adquirido por intermediários de Francisco [Ciccillo] Matarazzo Sobrinho na Europa, para o antigo Museu de Arte Moderna, num intervalo de 10 meses entre 1946 e 1947, mesma época em que se constituía também uma coleção francesa”, diz a pesquisadora.

“O acervo revela uma atenção às principais tendências da época, com destaque para a vertente do Novecento italiano. Dá para contar a história da arte italiana na primeira metade do século através da coleção.” Ao mesmo tempo, segundo ela, o estudo mostrou que o ambiente artístico brasileiro não se encontrava em estado de atraso e descompasso com a Europa.

Pelo contrário, o que a equipe da curadora encontrou foi uma “intensa troca” entre o modernismo paulista e o italiano. Nesse cenário se destaca a figura do teórico e artista plástico brasileiro Paulo Rossi Osir. “No fundo é ele, sua obra e sua biblioteca que iluminam essa coleção”, conta ela. Osir viajava sempre à Europa e era dono de uma biblioteca sobre arte moderna que tem alguns de seus livros expostos junto à coleção Ciccillo-Yolanda.

As investigações sobre as aquisições levaram à descoberta do engajamento, na Europa, de nomes como o do galerista veneziano Carlo Cardazzo e de Pietro Maria Bardi. Este último viria a ser o curador do futuro Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Leia a reportagem completa em: http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/10/17/modernidade-intercontinental
 

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